Os tempos são difíceis, de incertezas e de dúvidas...
Impõem-se mudanças para superar a crise de fundo que se vive...
Mas, a crise só se supera com o esforço de todos, sem o esquecimento de alguns...
O ensino nocturno nas Escolas portuguesas está a viver tempos muito confusos... e surpreendentes!
Algumas Escolas, nomeadamente nos núcleos urbanos mais densos, onde é maior o regresso à escola de adultos que escolheram este ano lectivo para se (re)qualificarem, concluir estudos e apetrecharem-se de ferramentas para combaterem o desemprego ou contribuírem com maior qualificação/produtividade no local de trabalho, estão quase vazias...
As salas e os corredores das Escolas só recebem as turmas de continuidade dos Cursos EFA e a maioria dos alunos inscritos aguarda em casa para começarem as aulas nos Cursos EFA Básico e Secundário (turmas iniciais), nas Formações Modulares de Inglês, Espanhol, TIC e Oficina de Português tal como dos Cursos de Português para Todos e de Competências Básicas...
Centenas de alunos inscritos, turmas formadas, recursos operacionais, percursos de vida e sonhos suspensos por decisões superiores que tardam...
Muitos adultos questionam a data de início de aulas uma vez que muitos foram encaminhados pelos Centros de Novas Oportunidades, em parcerias com o o IEFP e instituições e empresas locais, num verdadeiro trabalho de equipe de diagnóstico real de carências educacionais/profissionais do mercado laboral existente, muitos alteraram o seu ritmo de vida (por exemplo, mudança de turnos no emprego ou adaptações familiares para poderem ausentar-se à noite, de casa rumo à escola) para apostar numa solução de combate à crise, num esforço colectivo que se impõe à sociedade portuguesa... mas, lamentavelmente, sem encontrarem respostas compreensíveis!
Frustrações e decepções ainda maiores junto dos alunos imigrantes, oriundos de múltiplas regiões geográficas multiculturais, e nacionais que desejam e precisam aprender/desenvolver a língua e cultura portuguesas tal como competências básicas como a escrita, o cálculo e TIC para combaterem a exclusão social, o analfabetismo e a desigualdade étnica e de género, enfim, os grupos mais desfavorecidos que vêem a Escola como o trampolim para romperem os obstáculos do passado e as barreiras socio-culturais da discriminação, prejudiciais a uma inclusão participada e activa.
Hoje que se celebra a implantação da República em Portugal, que sempre lutou pela Escola Pública sem desigualdades, é tempo de questionar a situação do Ensino Nocturno no nosso país!
A Noite está quase parada...porquê? para quê? até quando?
O que esperar do futuro?O que fazer para construir um melhor futuro?